Quatro carpinteiros, um calafate e um aprendiz, com uma média de idades que ronda os 65 anos, dão vida ao Estaleiro Naval de Sarilhos Pequenos que existe no local desde 1947 e que pertence à família de Mestre Jaime Costa desde 1955. Este estaleiro é o único a trabalhar, na região, na recuperação de embarcações tradicionais em madeira e onde ainda é possível construir uma embarcação de raiz, utilizando as técnicas ancestrais. É um “museu vivo” que merece ser divulgado e visitado.
Na sequência de um protocolo celebrado entre a Câmara Municipal e o Estaleiro Naval de Sarilhos Pequenos, já é possível conhecer de perto este valioso legado patrimonial, através de um Percurso Interpretativo que foi apresentado ao público em setembro.
O percurso interpretativo é constituído por nove painéis distribuídos pela zona interior e zona envolvente do estaleiro e dá a conhecer a história daquele espaço, e as diferentes áreas que o compõem: a caldeira, o plano inclinado, o armazém das madeiras e a sala do risco, a serração das madeiras, a casa do guincho e da estopa, a oficina de serralharia, a praia e o cais de acostagem para as embarcações e até mesmo a caldeira do Moinho de Maré de Entre os Termos (já desaparecido). Os textos apresentados nos diferentes painéis relacionam as técnicas e ferramentas de trabalho com a história da construção naval dos descobrimentos portugueses. Durante o percurso, os visitantes têm ainda oportunidade de conhecer as artes e ofícios tradicionais, através da observação dos carpinteiros navais e calafates em atividade, assim como as diferentes fases da construção de uma embarcação tradicional, desde a preparação das madeiras às pinturas decorativas.
Na abertura ao público deste percurso interpretativo, o presidente da Câmara Municipal salientou que “este é o último estaleiro artesanal das embarcações típicas do Tejo, em funcionamento” e que “é um orgulho que esteja no nosso concelho”. “Somos, efetivamente, a vanguarda da defesa das embarcações tradicionais do Tejo”, reforçou ainda Rui Garcia.
Aproveite ainda para conhecer e trocar dois dedos de conversa com o Mestre Jaime que trabalha neste estaleiro desde os 11 anos. Falar com o Mestre Jaime é conhecer a história do Tejo, dos seus barcos típicos e da atividade ribeirinha, em torno da qual cresceram as localidades mais antigas do concelho.
As visitas ao Estaleiro Naval de Sarilhos Pequenos podem ser efetuadas por marcação, através da Divisão de Cultura e Desporto da Câmara Municipal (T: 210817000).
Esta ação está integrada na operação de Valorização do Património Ribeirinho e Promoção da Náutica de Recreio, financiada pelo FEDER no âmbito do programa Lisboa 2020.