Teatro: Na Solidão dos Campos de Algodão

Inspirando-se na obra homónima de Bernard-Marie Koltès, o espectáculo “Na solidão dos campos de algodão” constrói-se em torno de quatro homens que se encontram numa rua deserta, à noite. Aparentemente, são quatro estranhos sem passado comum, sem linguagens ou afetos comuns. A solo, em dueto, em cânone, em eco ou em coro, os homens alternam e sobrepõem-se nos papéis de dealer e cliente. Tomados pelo medo e pela ousadia, embrenham-se numa ostensiva sucedânea de densos solilóquios - quando um toma a palavra os outros interferem buscando obsessivamente o grotesco que na fala subjaz.

Na Cena, os quatro são como que animais acuados num território em que uns vigiam e os outros são vigiados, uns dominam e os outros são dominados, uns desejam e os outros também. Encaram-se corpo a corpo experimentando mecanismos discursivos e estéticos que possibilitem a erupção de pensamentos até então encerrados na memória dos seus corpos, vezes demais retratados como marginais enraivecidos e sujos que têm de ser varridos das ruas à pancada e encarcerados. Este espetáculo também é, também pode ser, uma autópsia do que acontece dentro destes corpos brutalizados que tentam escapar à solidão do processo de desumanização a que estão sujeitos.

E quando finalmente a dor e a vergonha partilhadas os obrigam a verem-se a si próprios nos outros, digladiam-se violentamente numa arena de diálogo e morte. É um combate físico, mas também interno e dialético, onde as palavras ultrapassam-se e são ultrapassadas.

Afinal, o que buscam estes homens? O que vendem e o que querem comprar? Qual o desejo que os queima? Qual o ódio que os move? Quão longe são capazes de ir?

Encenação: Zia Soares; inspirado no texto de Bernard-Marie Koltès

Interpretação: Daniel Martinho, Gio Lourenço, Hugo Narciso, Pedro Hossi

Cenografia, Figurinos: Neusa Trovoada

Música, Design de som: Xullaji

Design de iluminação: Rita Costa

Co-encenação de movimento: Lucília Raimundo

Produção: Teatro GRIOT

Co-produção: Teatro Ibérico

Apoio: BANTUMEN, Câmara Municipal da Moita, Casa Independente, Polo Cultural Gaivotas Boavista

Projeto financiado pelo Governo de Portugal - Ministério da Cultura/Direção-Geral das Artes

O Teatro GRIOT é uma estrutura financiada pela Câmara Municipal de Lisboa.

Zia Soares é uma artista apoiada pela apap – Feminist Futures, projeto cofinanciado pelo Programa Europa Criativa da União Europeia

Horário da bilheteira: 3ª feira a sábado, das 14:30h às 19:30h

Tel.: 210 888 900