O presidente da Câmara Municipal, criticando a decisão do Governo, mostrou-se preocupado com o caminho que os CTT estão a tomar, primeiro com o encerramento de estações e depois com a intenção declarada de privatização desta empresa do Estado. O autarca não aceita o encerramento da Estação dos CTT da Baixa da Serra, ocorrido em abril deste ano, porque, como frisou, “a estação tinha movimento suficiente que justificava a sua continuidade”, acrescentando que o seu encerramento “fez-nos regredir vários anos; ficámos apenas com a estação da Baixa da Banheira para servir 20 000 pessoas. As populações são as grandes lesadas”. Quanto à privatização da empresa, o presidente da Câmara explicou que o grupo que comprar os CTT centrará a sua atividade na “obtenção do lucro, descurando claramente os trabalhadores e a população”.
Recolha de assinaturas para Carta Aberta
“É preciso defender o serviço público; não nos podemos acomodar nem desistir”, vincou Rui Garcia, e é neste sentido que surge a Carta Aberta “Contra o Encerramento dos CTT no Concelho da Moita e Contra a Privatização dos CTT”, de iniciativa da Câmara Municipal, que, a partir da próxima semana, dia 18 de novembro, vai estar disponível em todos os edifícios e delegações municipais e instalações das juntas de freguesia, entre outros locais, para que todos os interessados a possam subscrever. Posteriormente, a carta será enviada à Assembleia da República, exigindo-se que esta revogue a decisão de privatizar mais uma empresa do setor empresarial do Estado, a bem da defesa dos serviços públicos e das populações.
Nuno Cavaco, presidente da União de Freguesias da Baixa da Banheira e Vale da Amoreira, reforçou também a necessidade da reabertura da Estação da Baixa da Serra e não aceita o atual acordo firmado com os CTT para o funcionamento de um “posto” dos CTT nas instalações da Junta de Freguesia do Vale da Amoreira, assegurado por uma trabalhadora da junta: “estamos a retirar meios que deveriam estar a ser usados na atividade da junta de freguesia em prol de um serviço que compete aos CTT”. Neste âmbito, Nuno Cavaco aponta o dedo à ANAFRE que aceitou celebrar um protocolo com os CTT sem ouvir os seus associados. “O valor que paga à nossa junta para a manutenção do posto não garante sequer o pagamento do salário da funcionária”, explicou o presidente da União de Freguesias.
O Secretário-geral Adjunto do Sindicato Nacional dos Correios e Telecomunicações, Eduardo Rita, valorizou a iniciativa da Câmara Municipal da Moita e apelou a todas as autarquias que sigam o exemplo da Moita: “espero que outras câmaras do País tomem esta mesma posição na defesa dos CTT”. O dirigente sindical frisou ainda que as preocupações desta estrutura com o encerramento, nos últimos três anos, das 212 estações e com a privatização dos CTT não se prendem apenas com a manutenção dos postos de trabalho, mas essencialmente com a “qualidade do serviço que prestamos às populações”. Eduardo Rita divulgou que o sindicato tem já pensadas “várias formas de luta” e, até ao final do ano, “vão registar-se novas paralisações”.