Os invertebrados do Estuário do Tejo
Os sedimentos e a superfície dos materiais submersos, tais como pedras ou conchas vazias, providenciam habitats para muitos organismos invertebrados bentónicos (do fundo), quer estejam fixos, enterrados ou se desloquem à superfície do sedimento. Estes agrupam-se segundo o tamanho, designando-se macroinvertebrados ou macrobentos (os que têm mais de 1 mm de comprimento na idade adulta), sendo os restantes designados de meiobentos (0,63 mm a 1,0 mm) e microbentos (menos de 0,63mm).
Dos macroinvertebrados, os grupos mais abundantes são os anelídeos (do tipo verme), os moluscos e os crustáceos. Entre os anelídeos destaca-se, pela sua abundância no estuário, a espécie Hediste diversicolor, conhecida por minhoca-de-pesca. O grupo dos moluscos é um dos mais importantes e diversificados do estuário, compreendendo mexilhões, ostras, lambujinhas, berbigões, búzios, chocos, polvos, etc., muitos deles sujeitos a apanha comercial. Dos búzios, a pequena Peringia ulvae é a espécie mais comum no estuário, não tendo no entanto valor comercial. Entre os crustáceos contam-se várias espécies de camarões e caranguejos, algumas muito importantes como base da alimentação dos peixes, como é o camarão-mouro.
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Minhoca-de-pesca, Hediste diversicolor (Lazo-Wasem)
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Peringia ulvae (Roy Anderson)
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Berbigão, Cerastoderma edule (Georges Jansoone)
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Lambujinha, Scrobicularia plana (Jan Johan ter Poorten)
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Amêijoa-japonesa (Ruditapes philippinarum), espécie invasora, nativa do Japão. (Lameiro)
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Ostra-portuguesa, Crassostrea angulata, (Imagem Adobe Stock)
Ostras do Tejo
O estuário do Tejo foi outrora um grande centro produtor da conhecida ostra-portuguesa Crassostrea angulata. (Acima)
Não se sabe ao certo qual a origem da espécie Crassostrea angulata no estuário do Tejo, havendo uma teoria segundo a qual teria sido trazida de terras do Oriente, no tempo dos Descobrimentos. Contudo, foram descobertas no Gaio provas do consumo de ostra já no Neolítico, pelo arqueólogo Tiago do Pereiro.
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Escavação arqueológica no Gaio em 2008 (Arquivo Municipal)
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Ostreira do Neolítico (aprox. 4000 A.C.) descoberta no Gaio em 2008 (Arquivo Municipal)
No início do século XX, o aumento do volume de esgotos domésticos derramados no rio Tejo, fruto da massificação habitacional nas margens do rio, ameaçou a atividade de apanha das ostras. Em 1951, de modo a contornar a poluição no rio, foi decretada a criação de um posto de purificação destes bivalves, tornando-os novamente aptos a consumo, denominado Posto de Depuração de Ostras do Tejo.
Localizado no Rosário, o posto manteve-se em atividade até fevereiro de 1996, embora a partir dos primeiros anos da década de 70 apenas recebesse ostras de outras proveniências que não o Tejo. De facto, devido à poluição das águas, as ostras desenvolveram doenças nas brânquias e morreram, subsistindo a esperança de ser possível uma recuperação, com a melhoria recente da qualidade da água no estuário.
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Edifício do ex-Posto de Depuração de Ostras do Tejo, no Rosário. (Arquivo Municipal)