
Com apenas 27 anos, António Rosado da Luz foi um dos homens que lutou pela liberdade.
Há 49 anos, António Rosado da Luz foi um dos militares chave para o 25 de abril. O, agora, Coronel foi desde a primeira hora um dos capitães de abril e colaborador direto de Otelo Saraiva de Carvalho. Para contar um pouco dessa história, esteve presente na Biblioteca da Baixa da Banheira, no dia 20 de abril, com a iniciativa Às Páginas Tantas… Há uma história para contar: ”25 de Abril. E depois…”, uma conversa inserida nas comemorações do 18º Aniversário da Biblioteca da Baixa da Banheira.
Com cerca de 27 anos, o coronel participou em todas as reuniões dos militares que conduziram à deposição do anterior regime, especialmente em dois encontros de oficiais no Estoril e em Cascais.
No dia 25 de abril, Rosado da Luz fazia, no Largo do Carmo, em Lisboa, a ligação entre o posto de comando e as forças sitiantes de Salgueiro Maia. Foi, aliás, o coronel que esclareceu a Marcelo Caetano aquilo que iria acontecer e tudo fruto do seu arrojo. “Passaram-se 49 anos e eu ainda cá estou”, disse-nos divertido. “Eu acho que tudo isto foi importante, mas o país é que tem de avaliar isso, porque ninguém gosta de ser juiz em causa própria”, gracejou-nos o coronel.
A verdade é que recordar é viver e António Rosado da Luz recorda com muito carinho todo o processo de revolução. “Quando me perguntam porque é que me meti nisto, eu costumo dizer que me limitei a cumprir o meu dever. Como militar e como português…Todos nós temos uma noção da história do evento em questão e alguns de nós, não fui o único, felizmente, começámos a senti-nos mal, principalmente os mais jovens com tudo aquilo que se estava a passar”, recorda. “Quando fui falar com o Marcelo Caetano explicar-lhe o que é que lhe ia acontecer, no largo do Carmo nesse dia, eu tinha 27 anos, hoje tenho dois filhos, gémeos, que vão fazer 34, eles não têm nem um centésimo da maturidade que nós tínhamos naquela altura com 27 anos. Nós éramos obrigados a ser maduros muito mais rápido. Portanto… estava naquela idade em que era maduro, mas em que ainda não tínhamos tido tempo de sermos corrompidos pela sociedade, havia vontade de arriscar, havia arrojo”, deixa escapar o capitão de abril.
Ainda que todo o processo tenha chegado a bom porto, António Rosado da Luz não esconde todos os medos sentidos na altura pelo grupo. “Todos nós sabíamos que aquilo podia correr mesmo muito mal. Mas correu bem. Tenho muito orgulho de tudo o que aconteceu, de como as coisas foram orquestradas e aconteceram, porque na realidade por mais planos que tenhamos feito houve coisas, como sempre, que não correram como era suposto. Todos têm mais ou menos a noção da história, mas nós que a vivemos sabemos as coisas que correram mal e como tudo aconteceu de facto”, assume. “Felizmente conseguimos o nosso objetivo. Mas não concordo quando se diz que foi um golpe das forças armadas, na verdade para o fazermos tivemos de afastar superiores, logo acabou por ser um pouco contra as próprias forças armadas. Ainda assim faria tudo igual ao que fiz. Teria a mesma coragem e vontade de lutar por aquilo que achava justo naquela altura. Resta perguntar se atualmente vivemos, de facto, em liberdade. Há muitas coisas em que pensar. Mas sim, fizemos história”, diz orgulhoso.
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